terça-feira, 7 de abril de 2009

Caminhar é do humano. Quase como um instinto, o bebê, assim que inaugura um mundo não precisa das palavras para mexer-se. O toque, o corpo e a voz do adulto constituem elos de ligações entre um jeito de ser humano e um humano que vai aprender a ser! Aprendemos a ser, a viver, a amar, a sonhar, a desejar, a conter, a controlar. Eis onde gostaria de chegar (ou partir): o controle. Muitas coisas tem me feito pensar sobre os mecanismos de controle: do corpo, do desejo, do amor, das linguagens, de ver, de saber, de sentir. Até onde podemos ir? Até onde nos permitimos ir? O ético, o imoral, o eu! Quem está em cima e quem está em baixo: eu ou você? O que depende de quem e quem depende do que? Caminhar é do humano. Esperar é uma construção de um humano, daquele que acredita na uniformidade, na igualdade como processo de nivelamento. Porque o ensinaram a ser assim, porque as formas de controle o aprisionaram de tal forma que resistir a vida, esperar é um jeito de viver. Ensinaram-lhe a querer a passividade. E pode muito bem ser um jeito feliz de se viver. A felicidade está onde conseguimos vê-la. Mas e quando não é possível ver felicidade na passividade, e negligenciar a felicidade de um pela de um outro passa a ser um jeito de se viver? Quando se pensa na imperfeição de um eu, como causa única do sofrimento de do outro? Ou ainda como sendo ser único capaz de evitar que existam rupturas, desordens, desconstrução?! É quando uma ética do outro é maior que a ética do eu! Amar também é ser ético...respeitar é uma forma de ser ético. Mas até onde a ética do outro deve ser mais ou maior que a ética do eu? Ser ético também é ser amor! Lembro novamente das questões levantadas pelo poeta Rilke, quando estamos prontos para o amor: quando não encontramos ninguém dentro de nós, quando nos amamos tanto que é preciso COMPARTILHAR! Muitos "eus", muitas éticas, pouco domínio, pouco controle! Escrevo para pensar...para COMPARTILHAR, sobretudo para caminhar!

Um comentário:

Éverton de Lara disse...

Muito, mas muito profundo mesmo este texto. Parabéns, não sabia que vc escrevia, ainda mais tão maravilhosamente...! Grande Abraço! Éverton de Lara "TOM"