segunda-feira, 27 de abril de 2009

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar!

Eduardo Galeano

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Engraçado te ver naquele balanço amarelo. Você de chinelo e eu de All Star. Você a me olhar, e eu a brincar com o gato. Esse costumava ser o seu lugar. De costas para a janela, mas sem olhar para mim. Eu andava insegura, incomodada e sentada no balanço amarelo. Por um instante pensei no balanço amarelo. Bobagem ou não é lá que te sentas agora, e no seu olhar perdido não sei se reconheço um pedacinho. Hora sim, hora não. Mas isso não é mau. Mudar é grandioso. Uns dizem que para construir é preciso desconstruir. Acho que está na parte 1! Tenta resistir e luta, incansavelmente contra o que sentes, ou será para sentir? um ou outro sentimento, será que precisa optar?

sábado, 18 de abril de 2009

Às vezes me pergunto porque estou aqui?! Não estou parada, nem a espera, mas querendo. Querendo ser melhor, não mais uma na fila, ou mais uma na conta, até tem mais um na minha fila e mais um na minha conta, que já está até perdida...não faz sentido contabilizar! Não sei muito, mas como diz Guimarães Rosa, desconfio de muita coisa. Estou desconfiada que ainda gostas de mim, e mais desconfiada ainda estou eu achando que consigo ser melhor, que posso ser melhor. Às vezes sinto que posso abraçar o mundo, é só escolher as cartas e partir. Sei que consigo, sei que dá e também que de alguma forma vai valer a pena. Mas dizem que sou mais coração que razão. Como apostar com o coração roubado ou com a certeza de que agora só da pra ser feliz sendo melhor, "como potencialização do ser"? Quem roubou não sabe como devolver ou não pode, já é tão seu que não diferencia mais um do outro, e o mesmo "quem" que pode "ser junto" acho que agora quer sossego. Entendo mas quero. Sou dona de um querer que por vezes sufoca. Também já não sei se me contaram outra mentira, como aquela do Príncipe Encantado, como diz o menino, "mentiras repetidas muitas vezes, no fim das contas são tomadas por verdades". Já tentaram me subornar, pediram que eu deixasse as bolinhas e o All Star. Inútil tentativa. É da grama que aprendi a gostar, os giros e o tecido que me encantam o olhar, os passos incertos que nunca sabem onde vão dar são a segurança de que te gosto e não posso parar. Uma rima, pra rimar com a alegria de te gostar! Não sou triste! Isso NÃO! Sou feliz por ser mais do que ter (não é tão difícil....rsrsrs). Por perceber a cada dia o quanto vale a pena sentir. Triste, às vezes, por encontrar tantas pessoas que querem ter mais do ser. Porque eu ainda insisto não sei. Ou sei... porque me roubaste e não vai devolver. e o que roubaste não consigo mais em lugar algum! Quem sabe um dia tu te canse e resolva me ensinar seu ofício. talvez eu já tenha aprendido. Já tenha te roubado e não tenhas percebido, ou não queira perceber!
O que me fez escrever agora foi, mais uma vez um texto teu, um ponto em especial: "Podem esquecer que se, por traz desses quesitos que giram em torno do dinheiro, não houverem experiências e sentimentos dos mais variados, e se esses não forem recebidos e vividos, mas sim engolidos a contra-gosto à mando do tempo que é empurrado pelo ponteiro do relógio, não há status ou dinheiro que te faça feliz. E como feliz não me diz muito, acrescento o conceito de Alegria de Espinosa, como potencialização do ser." É isso, estou aqui porque não quero passar por cima do que sinto, porque o que sinto vale a pena, porque sentir vale mais do que ter, mesmo que seja para estar longe, ainda te gosto e isso não posso deixar a cabo do tempo... eu li também a parte que diz "receber e viver"... talvez essa parte combine agora com contra-gosto. A contra-gosto. Ou será: apenas ser feliz? Ficam mais perguntas...


terça-feira, 14 de abril de 2009

"No hay mejor revolución que la transformación individual"
Kive Staiff

terça-feira, 7 de abril de 2009

Caminhar é do humano. Quase como um instinto, o bebê, assim que inaugura um mundo não precisa das palavras para mexer-se. O toque, o corpo e a voz do adulto constituem elos de ligações entre um jeito de ser humano e um humano que vai aprender a ser! Aprendemos a ser, a viver, a amar, a sonhar, a desejar, a conter, a controlar. Eis onde gostaria de chegar (ou partir): o controle. Muitas coisas tem me feito pensar sobre os mecanismos de controle: do corpo, do desejo, do amor, das linguagens, de ver, de saber, de sentir. Até onde podemos ir? Até onde nos permitimos ir? O ético, o imoral, o eu! Quem está em cima e quem está em baixo: eu ou você? O que depende de quem e quem depende do que? Caminhar é do humano. Esperar é uma construção de um humano, daquele que acredita na uniformidade, na igualdade como processo de nivelamento. Porque o ensinaram a ser assim, porque as formas de controle o aprisionaram de tal forma que resistir a vida, esperar é um jeito de viver. Ensinaram-lhe a querer a passividade. E pode muito bem ser um jeito feliz de se viver. A felicidade está onde conseguimos vê-la. Mas e quando não é possível ver felicidade na passividade, e negligenciar a felicidade de um pela de um outro passa a ser um jeito de se viver? Quando se pensa na imperfeição de um eu, como causa única do sofrimento de do outro? Ou ainda como sendo ser único capaz de evitar que existam rupturas, desordens, desconstrução?! É quando uma ética do outro é maior que a ética do eu! Amar também é ser ético...respeitar é uma forma de ser ético. Mas até onde a ética do outro deve ser mais ou maior que a ética do eu? Ser ético também é ser amor! Lembro novamente das questões levantadas pelo poeta Rilke, quando estamos prontos para o amor: quando não encontramos ninguém dentro de nós, quando nos amamos tanto que é preciso COMPARTILHAR! Muitos "eus", muitas éticas, pouco domínio, pouco controle! Escrevo para pensar...para COMPARTILHAR, sobretudo para caminhar!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Andei. Por caminhos difíceis, eu sei. Mas olhando o chão sob meus pés, vejo a vida correr.
E, assim, cada passo que der, tentarei fazer o melhor que puder. Aprendi. Não tanto quanto quis, mas vi que, conhecendo o universo ao meu redor, aprendo a me conhecer melhor, e assim escutarei o tempo, que ensinará a tomar a decisão certa em cada momento.

Fernando Sabino

domingo, 5 de abril de 2009

surdo par o que digo
cego para quem sou
foco para o que se quer ver e ouvir
quem você quer ver?
e o que quer ouvir?
será que pode ser?
será que consegues dizer?
surdez e cegueira generalizada
vemos o que podemos ver
a questão é: como ver/ouvir melhor?
existe um melhor?
quem pode ser?
Eu sou o seu ponto de vista!

sábado, 4 de abril de 2009

O que faz nascer uma postagem?
uma saudade
uma tristeza
uma alegria
uma vontade
Postagens me fazem bem
mesmo aquelas sobre a tristeza
escrever sobre a tristeza não é sinonimo de tristeza
no meu caso assumir o que sinto é assumir o quanto sou humana
Alguém equivocou-se quando falou que a felicidade plena é uma alegria constante
Viver a plenitude é ser humano o suficiente para deixar a dor entrar, mas encaminhá-la a saída, extasiar-se de alegria mas não entorpecer-se dela...um equilíbrio que se desequilibra. Um equilíbrio inconstante, já que assim somos: caminhantes.

P.S.: Resultado de conversas de cozinha...de uma biblioteca e de uma visita especial!
Eu quase nada sei, mas desconfio de muitas coisas.

Guimarães Rosa

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Não é que me deixaste uma tristeza... Deixou uma vontade imensa de ser melhor. De viver, de experimentar... Aos poucos estou entendendo o que acontece! Sua vida, para mim, nunca foi triste. Por isso me deixou alegrias. Mas agora não te reconheço mais, e tu, é provável que não reconheças a mim. Eu pela angústia que parece não te largar e tu pela leveza que no meu ser faço ficar. Será que acreditas em quem sou agora? Em quem estou sendo? As vezes penso que preciso te ajudar... Então te falo, te escuto, não te toco, nem te olho. Mas te sei, te sinto e te quero tão bem. Me sofre pensar que estou limitada. Hora sim, hora não. Limite meu, mas como ajudar se as barreiras são tuas? eu não posso viver por ti, nem pra ti. Mesmo assim, insistes em povoar meus pensamentos, ousa até a acochegar-se na cama comigo quando durmo. Sofro pelo teu sofrer. Não sofro por não te ter, porque eu te tenho. Tem momentos que são só meus e teus, e eles me bastam. Te encontro nos sonhos, nos desejos, na vontade de viver, de ser melhor. Se te pergunto, não é porque quero seu corpo perto, tampouco uma forma velada de te controlar, vigiar ou cercar (sim, esse é um jeito de gostar que nos é apresentado e facilmente nos compra com a cegueira). É porque quero ser contigo. Lembro quando me dizia que não queria perder (apesar de ser um paradoxo), entendo porque também não quero perder o que sou contigo e mais ainda o que ainda pode ser....outros jeitos de pensar, partilhar sentidos gostos e desgostos, saberes e angústias...coisas que só acontecem quando se está junto de corpo e alma. Escrevo o que acho que não dá para escrever...mas é na tentativa de encontrar uma forma de dizer o que continuo achando não pode ser dito (mais um paradoxo)!
Para caminhar basta o caminho
e para o caminho, caminhantes!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sobre o amor e o desamor, sobre a paixão,
Sobre ficar, sobre desejar, como saber te amar?
Sobre querer, sobre entender, sem esquecer,
Sobre a verdade e a ilusão,
Quem afinal é você?
Quem de nós vai mostrar realmente o que quer?
Um coração nesse furacão, ilhando onde estiver.
O meu querer é complicado demais,
Quero o que não se pode explicar aos normais.
Sobre o porque de tantos porquês,
E responder
Entre a razão e a emoção eu escolhi você!

Catedral