domingo, 2 de novembro de 2008

Lendo Rilke....
Rilke diz ao jovem poeta que somos seres solitários. Como solitários? Como se é no humano que buscamos forças para sermos humanos?! Mas finalmente, enquanto escrevia para um Menino (que é valente e caprino como o da música/poesia), entendi a solidão que Rilke recomenda. O ser humano é solitário porque é na solidão de seu ser que encontrará abrigo aos seus questionamentos e razão para a sua existência. Vive a solidão, diz Rilke, admita-se ser solitário, viva as perguntas e não atrás de respostas. Quando menos esperar estará vivendo as respostas. "Não pensamos com palavras" diz Larrosa, mas vivemos a mercê delas. A solidão é difícil. É na solidão que encontraremos sentido as palavras, as nossas palavras, aos nossos modos de dizer o inexplicável, de sentir o indizível, de ser alguém que não tem medo de ser, porque sabe porque é, porque vive o que é. "As pessoas (com o auxílio de convenções) resolvem tudo da maneira mais fácil e pelo lado mais fácil da facilidade; contudo é evidente que precisamos nos aferrar ao que é difícil; tudo o que vive se aferra ao difícil, tudo na natureza cresce e se defende a seu modo e se constitui em algo próprio a partir de si, procurando existir a qualquer preço e contra toda resistência. Sabemos muito pouco, mas que temos de nos aferrar ao difícil é uma certeza que não nos abandonará. É bom ser solitário, pois a solidão é difícil; o fato de uma coisa ser difícil tem de ser mais um motivo para fazê-la". Não há opostos, há o encontro de seres humanos solitários, que já não se bastam, e vão "configurando uma relação de ser humano com ser humano, não mais de homem e mulher. E esse amor mais humano (que se realizará de modo infinitamente delicado e discreto, certo e claro, em laços atados e desatados) será semelhante àquele que nós preparamos, lutando com esforço, portanto ao amor que consiste na proteção mútua, na delimitação e saudação de duas solidões".

Um comentário:

Simone disse...

Novamnte postando pela minha amiga Jô...
Amore, amei! principalmente a parte em que falas que não há opostos, mas o encontro de seres humanos solitários, que já não se bastam, e vão configurando uma relação de ser humano com ser humano, não mais de homem e mulher. Beijos.