Lucas Esteves
domingo, 9 de novembro de 2008
domingo, 2 de novembro de 2008
Lendo Rilke....
Rilke diz ao jovem poeta que somos seres solitários. Como solitários? Como se é no humano que buscamos forças para sermos humanos?! Mas finalmente, enquanto escrevia para um Menino (que é valente e caprino como o da música/poesia), entendi a solidão que Rilke recomenda. O ser humano é solitário porque é na solidão de seu ser que encontrará abrigo aos seus questionamentos e razão para a sua existência. Vive a solidão, diz Rilke, admita-se ser solitário, viva as perguntas e não atrás de respostas. Quando menos esperar estará vivendo as respostas. "Não pensamos com palavras" diz Larrosa, mas vivemos a mercê delas. A solidão é difícil. É na solidão que encontraremos sentido as palavras, as nossas palavras, aos nossos modos de dizer o inexplicável, de sentir o indizível, de ser alguém que não tem medo de ser, porque sabe porque é, porque vive o que é. "As pessoas (com o auxílio de convenções) resolvem tudo da maneira mais fácil e pelo lado mais fácil da facilidade; contudo é evidente que precisamos nos aferrar ao que é difícil; tudo o que vive se aferra ao difícil, tudo na natureza cresce e se defende a seu modo e se constitui em algo próprio a partir de si, procurando existir a qualquer preço e contra toda resistência. Sabemos muito pouco, mas que temos de nos aferrar ao difícil é uma certeza que não nos abandonará. É bom ser solitário, pois a solidão é difícil; o fato de uma coisa ser difícil tem de ser mais um motivo para fazê-la". Não há opostos, há o encontro de seres humanos solitários, que já não se bastam, e vão "configurando uma relação de ser humano com ser humano, não mais de homem e mulher. E esse amor mais humano (que se realizará de modo infinitamente delicado e discreto, certo e claro, em laços atados e desatados) será semelhante àquele que nós preparamos, lutando com esforço, portanto ao amor que consiste na proteção mútua, na delimitação e saudação de duas solidões".
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
"[...] como se o corpo, colocado em desequilibrio por todos os lados, apertasse uma bola de tempo, uma esfera de sentidos, e liberasse a partir do tórax uma estrela-do-mar. No centro da estrela se esconde o lugar mestiço, que outrora chamei de alma, pressentida na passagem de um desfiladeiro difícil de atravessar. Ele habita esse pólo de senssibilidade, dessa capacidade virtual, ao mesmo tempo que se atira e se retém, quer dizer, se lança pela metade, ao longo dos ramos flutuantes do astro que explora o espaço, como um sol."
Michel Serres
Assinar:
Postagens (Atom)